e era assim

e era assim. todos os dias, desde há uns tempos, aquela hora, via-a do canto da minha janela a sair de casa apressadamente com a tal mala cinzenta. vinha quase sempre com o cabelo solto, sempre arranjadinha. por vezes, com o vento, o seu cabelo tapava um pouco as linhas do seu rosto o que me desagradava. estava sempre a falar ao telemóvel. oh sim, andava sempre a falar ao telemóvel. com quem seria? isso eu não sei. um dia decidi segui-la. ela tinha um passo apressado, o que me fez pensar que estava atrasada para algum sitio. via-a entrar num bairro extremamente bizarro, e mil e uma ideias vieram-me á cabeça. o que fazia ela alí? encostei-me atrás de uma carrinha que por ali estava estacionada e pelo espelho vi ela a entrar num prédio. esperei esperei esperei. duas horas depois via-a sair do mesmo prédio, com a mesma mala, com o seu cabelo solto. a falar ao telemóvel. era como se eu tivesse parado no tempo, e tudo continuasse da mesma maneira. por onde passavam todos olhavam, porque afinal, não devia ser habitual naqueles sítios ver uma rapariga como ela. vi-a voltar para a minha rua, mas aí deixei de a ver. passou-se um dia, dois dias, três dias, uma semana. nunca mais a vi por aquelas bandas. afinal quem era ela? não a  conheço. embora o deseja-se desde o primeiro dia. ela tinha qualquer coisa que me fazia pensar nela. ela chamou-me a atenção de tal maneira que não consigo tirá-la do pensamento. mas agora, não sei quando a vou poder reencontrar. talvez nunca mais.

(inspiração do momento, inventado)

desculpem a minha ausência docinhos, mas tenho andado sem ideias.