31 de janeiro de 2011

irmão, por tudo


nunca escrevi para ele. é a primeira vez. mas sinto uma enorme necessidade de o fazer. de partilhar com vocês o que se passou ontem.
o meu irmão chama-se rafa, tem 11 anos. nós temos uma diferença de idades de três anos e meio. bem, como já é de esperar, nunca nos demos bem, sempre discutimos e brigava-mos por tudo e por nada, por simples coisas, que não têm lógica nenhuma de ser motivo de briga. ele é talvez a pessoa mais bondosa que eu conheço. ele é pequenino, mesmo fofinho, tem o cabelo moreno e comprido, de vez em quando usa óculos porque a minha mãe o obriga. ele sempre fez tudo por mim e quando lhe peço alguma coisa ele não hesita em fazê-lo. gostaria imenso de ser como ele, confesso. mas não sou. somos o oposto um do outro admito.
estou aqui a escrever este texto não para saberem da vida dele, nem nada do género, mas eu, antes não o via assim, tinha uma imagem completamente diferente dele, via-o como um irmão que me atura todos os dias e me manda "pó caralho" sempre que estou de mau humor, via-o como uma pessoa que tinha de aturar, não apenas em asa mas também na escola e em todo lado, mas essa opinião mudou.
e passo a explicar o porquê de tudo isto, o porquê de estar a escrever sobre o meu irmão e o porquê de ter ficado com uma visão diferente sobre ele.
tudo aconteceu ontem, como ao fim-de-semana vou para casa do meu pai (sim, tenho pais separados) nunca há nada para fazer é quando eu aproveito para falar com ele, sobre as coisas que se passam com ele.
ontem percebi que ele tem alguma pressão em cima dela, da minha parte. eu exijo muito dele, e insisto em compara-lo a mim com coisas do género "eu no 6º ano nunca faltava ás aulas" ou "onde é que já se viu tirar negas no 6º ano". eu todos os dias lhe digo o mesmo para ver se ele me ouve e começa a estudar mas quando mais eu bato no assunto menos ele me liga e menos ele me ouve. ontem percebi os medos dele e pergunto-me a mim própria, como é possível eu conviver com ele diariamente e não me aperceber de pequenas coisas que fazem todo o sentido mas que para mim eram indiferentes. como é possível uma criança tão pequenina sofrer tanto com um medo que não sabe controlar? eu choro só de pensar pelo que tens passado ao longo de todos estes anos, choro de pensar que esse medo te assusta apenas uma vez por ano, mas com uma intensidade enorme deixa.do.te sem vontade de comer ou sem reacção. isto entristece-me muito, mas como é óbvio nunca chorei á sua frente pois assim dou-lhe uma imagem minha que não quero mostrar, eu tento-lhe mostrar que sou forte e que não vou a baixo, e ele coitadinho acredita nisso. eu só de pensar e de estar a escrever nisto fico estranha de pensar que tu também o ficas. falta poucos dias para isso e o medo voltou, mas vai-se embora o mais rápido possível, eu juro-te por tudo. acredita que te ajudarei e farei tudo o que for preciso para te ajudar a superar isso e que sei que mais cedo ou mais tarde tudo passará!
amo-te por tudo, por seres meu irmão e por seres a pessoa mais perfeita que conheço, amo-te!

p.s. eu nunca relei-o os textos depois de os escrever, deve estar um pouco confuso porque fui escrevendo ao longo do que ia pensando, mas eu nunca apago o que escrevo, porque se o escrevo é por algum motivo.

6 comentários:

Daniela Silva disse...

Não queiras mesmo. Custa bastante.
Espero que nunca passes por aquilo*

Daniela Silva disse...

Gostei*

Daniela Silva disse...

Claro que sim (;
Estás à vontade :D

inês disse...

tens tu e tenho eu! falta pouco, muns seis meses, por ai (:

mariana silva. disse...

o texto está lindo querida*

mariana silva. disse...

espero que ele consigo passar esse tal medo :(